segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Umas férias

Por: Alessandra Carrasco Benatti

Esse conto Machadiano trata da estória de um menino chamado José Martins que não gosta da escola, na verdade de estudar. Estando ele na escola aparece seu tio Zeca para buscá-lo, e ele todo feliz achando que acontecerá alguma festa em sua casa vai. Porém o tio Zeca não diz nada e José não se atrevia a perguntar.


Em seguida foram ao colégio da irmã de José chamada Felícia para apanhá-la, vendo isto à alegria de José foi maior ainda, pensou só pode ser uma festa, portanto foram os três tio Zeca, Felícia e José andando para casa. As duas crianças paravam algumas vezes para admirar a porta de alguns armarinhos ou vendas, mas logo tio Zeca os chamava-os, e eles iam andando até que outra curiosidade os detessem novamente.

Felícia era um ano mais velha que José, eles vinham falando, pensando que tipo de festa seria, imaginaram que poderia ser anos do tio Zeca, ou quem sabe eleições já que o padrinho de José era candidato a vereador; embora José não soubesse o que era candidatura nem vereação, o fato é que eles estavam alegres, e imaginavam em suas cabeças as festas. José chegou a dizer a Felícia que poderiam ser noites de Santo Antônio e São João, apesar de já idas naquele tempo. Então José falou a irmã da fogueira no quintal, das rodinhas e das danças, e se fosse essa mesma a festa ele aproveitaria a ocasião para deitar à fogueira o livro da escola, mas Felícia logo respondeu que o pai deles compraria outro livro, entretanto José respondeu que até o pai comprar outro ele ficaria brincando em casa e ajuntou que aprender era muito aborrecido.

Nisto tio Zeca parou para conversar com um desconhecido ao pé das crianças. O desconhecido pegou no queixo das crianças e levantando-os a cara para ele, fitou-os com seriedade, deixo-os e despediu-se dizendo nove horas lá estarei. Quiseram perguntar ao tio Zeca quem era aquele homem que pareceu-lhes conhecido, mas a promessa de lá estar as nove horas fez dominar a cabeça dos dois pensando que por exceção estariam acordados para a festa que eles pensavam acontecer naquele horário.

Logo depois parou um casal que estavam numa carroça, os meninos diziam que era dia dos desconhecidos, tio Zeca parou novamente e pediu que os dois o esperassem, antes do casal ir, a mulher os olhou com pena ou coisa parecida. Como a casa deles ficava próxima, dobraram a esquina e viram os portais da casa forrados de preto.

Quando eles entraram houve certo rebuliço e foram para a sala de jantar e álcova, onde a mãe os recebeu entre lágrimas dizendo:

“ — Meus filhos, vosso pai morreu!”

José não teve forças para andar, pensou “Morto como? Morto por quê? Ouviu as palavras de sua mãe se repetirem nele. Então sua mãe arrastou-lhes para a cama, onde jazia o cadáver do marido e fez José e Felícia beijar-lhes as mãos, mas José estava tão longe daquilo, não entendia nada no começo, mas depois a tristeza e o silêncio das pessoas ajudaram a José entender que seu pai morrera deveras. Não era dia santo, com sua folga e recreio, não era festa, não eram horas breves ou longas, para ele desfiar em casa, arredado dos castigos da escola. O pai de José estava defunto, sem pulos, nem danças, nem risadas, nem bandas de música, coisas todas também defuntas.

José pensava se houvessem dito a ele a saída da escola por que o iam buscar, é claro que a alegria não houvera penetrado em seu coração, donde era agora expelida a punhadas. O enterro do pai de José foi no dia seguinte às nove horas da manhã, e provavelmente lá estaria aquele amigo de tio Zeca que se despediu dele na rua no dia anterior com a promessa de ir às nove horas. Lá estava o padrinho de José e a mulher dele que levou José a uma alcova dos fundos para mostrar gravuras a ele, na ocasião da saída, ouviu os gritos da mãe, o rumor dos passos levando o caixão. Lá iam o pai e as férias! Um dia de folga sem folguedo! Não, não foi o um dia, mas oito, oito dias de nojo, durante os quais alguma vez ele se lembrou da escola.

A mãe de José chorava, cosendo o luto, entre as visitas de pêsames, José também chorava, lembrava que não iria ver mais o pai às horas de costume, não lhe ouviria a palavra do pai a mesa do balcão, nem as carícias que dizia aos pássaros. Por causa disso a sua mãe só vivia calada, quase só falava às pessoas de fora, foi assim que José ficou sabendo que seu pai morrerá de apoplexia.

Depois de longos dias calados e reclusos José sentiu saudades da escola, via longe as caras dos meninos, os gestos de troça nos bancos, e os saltos à saída. Já a ocasião da missa de sétimo dia restituiu José à rua, no sábado foi à casa do padrinho, mas a alegria voltou à vida de José na segunda-feira, na escola. Entrou vestido de preto, foi mirado com curiosidade, tão feliz ficou com os colegas que esqueceu as férias sem gosto, e achou grande alegria sem férias.

Esse conto é uma lição, pois José, o personagem principal, não quer estudar, e claro prefere as festas, as férias do que a escola, por isso quando seu tio Zeca o pega na escola fica alegre e em sua cabeça de criança pensa em mil festejos, e essa alegria cai por terra quando ele chega em casa e vê o pai morto, é possível sentir o desespero do personagem.

Enfim Machado mostra com coisas simples, cotidianas, a realidade da vida, o personagem passa da alegria para a tristeza num piscar de olhos, a vida é assim, às vezes estamos bem e às vezes não. O menino, José Martins, que no começa do conto não quer estudar, mas depois da morte pai com tanta tristeza fica feliz em poder voltar as aulas, então a escola que era tediosa e enfadonha acaba por tornar-se uma alegria.

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