quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Lapso

Por:
Liliana Almeida – RA: 152566
Os contos Histórias sem Data foram publicados (possivelmente) em 1884. Nestes contos, assim como em outras obras machadianas, o autor traz como característica forte a análise psicológica dos personagens. E assim, desta forma, os personagens vão crescendo e criando uma densidade que deixa confuso os leitores, pois que, embora apresentado algumas questões simples, suas histórias são impregnados de complexidade quanto ao comportamento do homem enquanto ser humano.
         Em O Lapso, conto pronfundíssimo se analisado à luz da psicologia, encontramos alguns personagens que merecem grande atenção; dentre eles destaco o personagem Dr. Jeremias Halma, médico e holandês, um homem muito viajado, sábio, intelectual; tinha experiências positivas com terapias (“Não conto os melhoramentos terapêuticos, e outras muitas cousas, que o recomendam à nossa admiração”), falava corretamente seis línguas vivas e mais duas mortas; era simples e modesto. E, também, o personagem Tomé Gonçalves, homem abastado, e, segundo algumas induções, vereador da Câmara. Este homem não tinha só dinheiro, tinha também dívidas e muitas, nem todas recentes. Portanto vivia cercado de credores. Estes, por direito, vivam incomodados buscando meios de readquirir o que lhes pertenciam; buscavam justiça, mesmo que com certa cautela, pois estavam diante de um homem ‘importante’.
          Entretanto, diante de toda esta constrangedora situação que fazia aflito o espírito de cada credor, havia um fato oculto a todos que fora descoberto, e, também anunciado, pelo bondoso e sábio Dr.Jeremias. É que o Tomé Gonçalves sofria de uma doença especial; sofria de lapso de memória. Por esta razão, segundo explicação do Dr. Jeremias, é que ele não pagava as dívidas; não era por descuido ou de propósito que ele deixava de saldar as contas, mas porque esta idéias de pagar, de entregar o preço de uma coisa havia “evaporado” de sua mente. Mas, que esta doença tinha cura através de uma droga curativa já aplicada com sucesso anteriormente.
          Porém, o Dr. Jeremias Halma dispunha, também, de um arsenal teórico e de um método terapêutico que não mais se referiam às questões do corpo e sim visavam à exploração da alma. Desta forma, o paciente foi progressivamente induzido a reconhecer sua “falta” através da exposição direta a situações de “choque”. Portanto, com seu melhoramento terapêutico, restituiu a saúde do Tomé Gonçalves e este restituiu todas as suas dívidas. A droga teve um funcionamento genérico, de recuperação “abstrata da memória”, mas o que deu resultado concreto, o que levou à cura efetiva, com o pagamento das dívidas, foi a ação do médico junto ao doente. 

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