quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A Senhora do Galvão

Por: Luana

No conto machadiano A Senhora do Galvão conheceremos Maria Olímpia, uma mulher casada que tinha “vocação da vida exterior” começa a receber cartas anônimas insinuando amores de seu marido com a jovem viúva de um brigadeiro. Percebe-se muito presente a descrição dos personagens tanto física quanto psicologicamente.


O marido sempre demorava a chegar à casa do trabalho e, Maria Olímpia ficava imaginando muitas coisas, sobretudo no suposto caso de seu marido. Galvão chega após algumas horas e a esposa fingindo pouco caso senta-se a mesa e serve o jantar, onde, conversam pouco e quando o jantar terminou contou o motivo de seu atraso: foi ao teatro comprar um camarote para um show musical e foi a pé. Quando chegaram ao show, nem imaginavam a surpresa, quem estava no camarote ao lado? Justamente a viúva e a mãe.

Maria Olímpia suspeitou que pudesse ser algo combinado, mas não se importou com isso, e aproveitou a noite de glamour e as duas saíram do teatro naquela noite juntas.

Uma semana depois recebeu Maria Olímpia outra carta anônima com mais detalhes e era mais explícita. Vieram outras, uma por semana, durante três meses. E quanto mais ela lia, mais calejava sua sensibilidade, mas o marido sempre contava todo seu trajeto, exatamente como o fazia do momento em que saia do trabalho até chegar a sua casa, e Maria Olímpia por sua vez estava cada vez mais descrente das cartas.

Com o crescimento do escritório de Galvão, a ida social do casal tornou-se ainda melhor, iam a bailes, jantares e corridas de cavalos e Maria Olímpia tornou-se uma personagem importante naquele local.

Eis que um dia o marido soube que a mulher recebia cartas pelo correio e essa noticia foi como uma bomba para Galvão e o deixou muito preocupado, pensativo, portanto passou a espiar a mulher.

Durante sete dias passou uma vida inquieta e aborrecida, espiando a mulher. No oitavo dia veio uma carta, e o marido pediu-lhe para ler. A esposa um pouco hesitou, mas cedeu. Quando a viúva soube das cartas passou a tratar “a amiga” de maneira mais afetuosa.

Em agosto Galvão fez-se sócio do Cassino Fluminense, e veio a noite do baile e Maria Olímpia lá estava sendo admirada por todos. Um pouco mais tarde a viúva ali apareceu e, com muita classe Maria Olímpia perguntou-a se lá estava para seduzir outro marido. A viúva, pálida, nada respondeu e três dias depois romperam de vez.

Acredito que, apesar da denúncia, a instituição do casamento permanece intocável. O “curto-circuito emocional” provocado pela presença de um amante na relação de propriedade que se firma com o casamento, não ocasiona na versão feminina de descoberta de uma amante, reações radicais de rompimento.

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