segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Conto: ETERNO

Por: Daiane Silva dos Santos R A: 164727

O conto descreve o amor louco e alucinado que Norberto sente pela esposa do barão Antonio José Soares de Magalhães, grande amigo de seu pai.


Norberto morava com os pais e estudava medicina com seu melhor amigo Simeão Antônio e Barros, que morava só no Rio de Janeiro e recebia mesada de um tio que morava na Bahia com que se sustentava na cidade e pagava suas dívidas.

Simeão sempre tentava reanimar o amigo e ajudá-lo a esquecer e tirar essa idéia louca de ficar com a baronesa, pois isso trazia muito sofrimento a ele.

Simeão recebeu pela manhã uma duas cartas, uma de seu tio e uma de seu melhor amigo. Resolveu abrir primeiro de seu tio, que dizia cerimoniosamente que não iria mais arcar com os excessos de seu sobrinho, ao menos que este fosse morar e estudar na Bahia, caso contrario teria que arcar com suas dívidas através de outros recursos.

Então Simeão abriu a segunda carta e foi correndo atrás de seu amigo contar a novidade. Encontrou Norberto chorando pela baronesa dizendo que seria capaz de se matar por causa dela e que ficou sabendo que a baronesa e seu marido iam para a Bahia no próximo Sábado. Simeão leu a carta para seu amigo e disse que embora tivesse outros recursos para se virar no Rio, não seria o mesmo prazer e as mesmas condições que tinham quando recebia a pensão de seu tio, estava decidido a ir para a Bahia também no sábado e fez um convite a seu amigo para que também fosse, assim estaria perto de seu amigo e de sua amada.

A mão de Norberto, embora triste com a idéia de ter que se desgrudar de seu filho, aceitou a idéia sem muito trabalho, porém seu pai foi inflexível, o próprio amigo Barão tentou convencê-lo dizendo que seu filho estaria em boas mãos morando com ele, mas ele estava irredutível.

Norberto ficou muito triste, mas mais uma vez seu amigo tentou ajudá-lo, disse que era melhor que não fosse porque a baronesa ou mesmo o próprio barão poderia depois desconfiar de sua atitude de ir para a Bahia e que sempre enviaria cartas com notícias boas ou ruins sobre os sentimentos da baroneza em relação a Norberto, Simeão tentaria tirar algo dela para descobrir.

Viajaram, Simeão morava com seu tio, estudava para ser doutor e ia devez em quando à casa do barão. Quando conversava com a baronesa sempre perguntava e falava muito bem de Norberto, mas ela não demontrava nada de diferente ou mais profundo por ele. Os encontros entre eles iam aumentando e o nome de Norberto aos poucos sumiam das conversas e o romance entre eles surgia a cada visita. Norberto quase não mandava mais cartas, seu amigo também evitava enviar cartas, e quando escrevia era mensagens curtas e sem grande significância como: “Sabes quem vi há três dias no teatro? A baronesa.”.

Estavam a beira do abismo com a loucura de se encontrarem escondidos, até a morte resolveu o problema levando consigo o barão, por meio de um ataque de apoplexia. Três meses depois, IaIa Lindinha (a baronesa) recebeu um convite de casamento de Simeão, ela aceitou com a condição de ele terminasse primeiro seus estudos.

Cumpriram a promessa, enquanto Iaia viajava com uma amiga e seu marido pela Europa, Simeão estudava com grande esforço suportando a imensa saudade de sua noiva. Assim que voltou de viagem e seu noivo tornou-se doutor, realizaram o matrimônio e IaIa pediu para que fosse ao Rio. Seu marido, meio atordoado cedeu o pedido, afinal não sabia como encontraria o amigo, fazia três anos que não se escreviam.

Após quatro dias, soube Simeão que seu amigo morava para os lados de Rio Comprido e estava casado. Então resolveu visitá-lo, mas não contou nada do passado de Norberto a sua mulher.

Chegando lá, encontra uma mulher negra amamentando uma menina de cinco meses e outra criança de um ano e meio acocorada, recolhendo pedrinhas no chão. Era a mulher de Norberto, Carmela com seus dois filhos.

Simeão se apresentou a Carmela e ela mandou Nhô Bertinho chamar seu pai. Depois de uns instantes aparece Norberto, contente com a visita do amigo, deu um grande abraço e começaram a relembrar os velhos tempos, inclusive a morte dos pais de Norberto, dos tempos acadêmicos, porém em relação ao presente só Bertinho falava, mas não perguntava se seu amigo estava casado para a alegria de Simeão.

Carmela chamou-os para jantar, Simeão agradeceu, mas recusou o pedido, mas prometeu que outro dia voltaria para jantar com eles. Na saída de Simeão, Bertinho chamou seu amigo de “Eterno”. Então este entra no coche meditando sobre o que era eterno, eterno apara ele era o amor que seu amigo Bertinho sentia pela sua mulher.

E ao chegar ao Hotel de Estrangeiros no fim da tarde, sua mulher o esperava para o jantar. Simeão, ao entrar no quarto, pegou nas mãos de sua esposa e pergunta-lhe:

- O que é eterno, IaIa Lindinha?

Ela, suspirando respondeu:

- Ingrato! É o amor que te tenho.

Simeão jantou sem remorsos; ao contrário, tranqüilo e jovial. Coisas do tempo! Se lhe dá um punhado de lodo, ele o restitui em diamantes...

Nenhum comentário:

Postar um comentário