segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A Cartomante

Por: Michelle Nery Rente

Há mais coisas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. É com esses dizeres de Hamlet à Horácio que Rita repetia a Camilo em uma sexta-feira de novembro de 1869, quando o mesmo ria dela por ter ido se consultar com uma cartomante.
Rita foi consultar-se com esta que ficava na Rua da Guarda Velha, próximo a casa onde ocorriam os encontros dos amantes na Rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita.
 A história começa quando os amigos Vilela e Camilo se reencontram depois de muito tempo sem se verem. Os dois eram amigos de infância, Vilela seguiu  carreira de magistrado e Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico. Depois da morte do pai, sua mãe lhe arranjou um emprego público. No começo de 1869, Vilela voltou da Província, onde se casara com uma formosa e tonta dama. Camilo arranjou-lhe casa para o lado de Botafogo.
A convivência entre os três trouxe intimidade. Porém com a morte da mãe de Camilo a amizade entre eles ficou ainda maior. Tanto que foi a partir daí que Rita acabou se tornando mais próxima de Camilo. Eles costumavam ler os mesmos livros, jogavam xadrez e saiam juntos, quando de repente o amor surgiu. Ele tentou fugir, mas já era tarde, Rita o conquistou.
Porém um certo dia,Camilo recebeu uma carta anônima, que lhe chamava de pérfido e imoral, na carta dizia que a aventura de ambos já eram sabida por todos. Ele teve medo decidindo  assim permanecer por um tempo longe da casa de Vilela
O amigo porém estranhou a ausência, e Camilo inventou ao amigo que o real motivo dela seria uma nova paixão do rapaz.
Rita também sentiu com a ausência do rapaz, fazendo assim a procurar uma cartomante para descobrir o motivo do desaparecimento do amante.
Com o tempo, os dois voltaram a se encontrar, combinando um modo de se corresponderem em casos de necessidade.
No dia seguinte, Camilo recebeu um bilhete de Vilela com os seguintes dizeres: ”Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora.” Camilo que por instantes já desconfiava que seu romance com a mulher do amigo fosse descoberto.
AS palavras de Vilela não saiam da cabeça de Camilo, que a todo instante reelia o bilhete. Camilo tinha medo, imaginou todas as situações possíveis como se Vilela já soubesse de tudo. Pensou até na possibilidade de Rita ter lhe mandado um recado em sua casa. Porém não encontrou nada nem ninguém. Começou a ligar os fatos, desde a carta anônima, até o recebimento do bilhete do amigo.
Se dirigiu então até o Largo da Carioca para pegar um tílburi em direção à casa do amigo. Chegando quase ao fim da rua da Guarda Velha, coincidentemente avistou a casa da cartomante em que Rita se consuntava. Viu porém toda a casa fechada, na mesma hora então que o tílburi teve de parar pois um carroça estava atravacada no meio da rua.
No fim, depois de tanto pensar, contrariando todas as suas opiniões, Camilo então resolve ir na direção da casa. Disse ao cocheiro que esperasse e subiu as escadas na direção da porta. Bateu, e logo em seguida veio uma mulher, Camilo disse-lhe que gostaria de se consultar e ela o fez entrar. Subiram para um sotão por uma escada mais escura que a primeira. Paredes sombria, velhos trastes, e uma pobreza destruíam o prestígio do ambiente.
A cartomante o fez sentar-se diante de uma mesa, abriu uma gaveta e tirou um baralho. Enquanto a mulher as embaralhava, olhava para Camilo. A mulher provavelmente aparentava ter por volta dos quarenta anos, italiana, morena e magra. Postou três cartas à mesa e disse-lhe:
-Vejamos primeiro, o que é que o tráz aqui...o senhor tem um grande susto...
Camilo fez-lhe um gesto afirmativo.
E continuou:
-E quer saber se lhe acontecerá alguma coisa ou não...
-A mim e a ela, explicou Camilo.
A cartomante disse-lhe que esperasse, pegou novamente as cartas e as embaralhou e estendeu-as.
-As cartas dizem-me...
Então ela o declarou que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria a nenhum dos dois. Ele, o terceiro ignorava tudo. Falou-lhe também do amor que os ligavam, da beleza de Rita...
Camilo ficou deslumbrado. Ela então recolheu as cartas e fechou a gaveta.
-A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendendo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante.
Esta que então levantou-se rindo.
-Vá, disse ela; Vá ragazzo innamorato...
Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagá-la, ignorava o preço. Pagou dez mil-réis pela consulta. A cartomante pegou o dinheiro e o guardou na algibeira. Ele então desceu as escadas, encontrou o tílburi o esperando e seguiu em direção à casa de Vilela.
Para ele, tudo estava melhor agora e até chegou a rir de seus receios. Constatou então o pedido do amigo ser urgente e não poderia demorar.
-Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro.
No caminho, formulou até um plano para dar a desculpa ao amigo pela demora. O coração, ia contente pensando no que a cartomante previu e as futuras alegrias.
Daí, chegou a casa de Vilela, empurrou a porta de ferro do jardim, subiu as escadas, e mal teve tempo de bater, a porta abriu-se, e apareceu-lhe Vilela.
-Desculpa, não pude vir mais cedo; o que há?
Vilela, portanto não lhe respondeu; fez-lhe um sinal e entram para uma saleta interior. Camilo tomou um susto ao ver Rita morta e ensanguentada. Mal teve tempo de fazer algo, Vilela o pegou-o pela gola, e deu-lhe dois tiros e então estirou-se morto no chão.


Podemos ver nessas duas obras de Machado de Assis, temas, que apesar de terem sido escritos em épocas muito distantes da nossa, podemos concluir que uma das principais características do Realismo,é fazem críticas distintas com temas sociais de diferentes classes.

Entre Santos

Por: Michelle Nery Rente

Contava um velho padre, uma história extraordinária que aconteceu quando ele era capelão de São Francisco de Paula.
Uma vez, tarde da noite antes de se recolher, como de costume foi verificar se todas as portas da igreja estavam trancadas, quando por baixo das portas avistou uma luz muito intensa e fixa, fazendo assim o padre pensar de se tratar de um possível roubo. Assustado, ele resolveu buscar as chaves e entrou na igreja pela sacristia.
Ao adentrar no recinto com uma lanterna, caminhou silenciosamente pelo corredor escuro seguindo a claridade que se encontrava no interior da igreja. Em certo ponto, o padre passou a escutar vozes que não se pareciam nada com cochichos, mas sim, com uma conversa tranqüila.
Nessa hora o padre recuou um pouco, achando que se tratava de uma conversa entre defuntos, já que naquela época se enterravam-se eles dentro das igrejas. Passado o susto, pensando que a idéia seria um disparate, o padre busca assim descobrir o que de fato estava acontecendo de errado dentro da igreja.
Neste momento, uma coisa extraordinária aconteceu, ele avistou São José e São Miguel sentados em seus altares conversando. Falavam diretamente virados para os altares de São João Batista e São Francisco de Sales. Perplexo, ele mau podia sair do lugar de tão impressionado que o capelão ficou. Por um momento, o mesmo pensou estar beirando à loucura!
Vendo assim que nem sequer os santos o tinham notado sua presença, o padre se dirigiu aos bancos, em um lugar distante onde não notariam sua presença e ao mesmo tempo poderia presenciar suas conversas. Aos poucos, foi adquirindo a percepção e pode ouvir claramente sobre o que conversavam. Ao mesmo tempo, percebeu que a luz que seguiu, no entanto, não vinha de nenhum outro lugar que não fosse dos próprios santos.
Passou então a não tentar pensar em mais nada, apenas ouvir e contemplar a conversação que ele então presenciava.
Naquele instante, os santos falavam sobre as orações e implorações daquele dia, sendo que cada um falava seu relato. São Francisco de Paulo passou a fazer parte da conversa também.
Entre casos, falavam sobre a fé sincera de alguns fiéis e a dissimulação de outros, como o caso de uma adúltera que ao brigar com o namorado, implorou que limpassem seu coração da luxúria, porém suas palavras passavam a ficar sem vida durante a prece, fria e mesmo rezando, sua cabeça pensava no outro. Levantou-se e saiu sem pedir nada.
O foco da conversa passou a ser então no caso de um homem por volta de cinqüenta anos chamado Sales (igual ao santo), que sua mulher que ele amava tanto estava de cama muito doente de uma erisipela em uma das pernas. Vivia há cinco dias aflito porque ela não se curava e suas chances de vida eram poucas.
Como o homem era muito ganancioso, as pessoas não acreditavam que ele amava a mulher mais do que o dinheiro. Elas comentavam que o homem apenas sofria pelos futuros gastos com as despesas funerárias.
O homem não possuía filhos, trabalhou a vida inteira e guardava em casa a sete chaves suas tão cobiçadas economias. Costumava contempla-las por alguns minutos e o guardava de novo. Depois do ocorrido com sua esposa, passou a dormir mal, sua família era apenas ela e uma escrava preta, comprada junto com outra às escondidas por serem de contrabando. Quando uma morreu, Sales enterrou a escrava como miserável, para não pagar as despesas com a sepultura.
Porém, uma coisa os santos não negavam, o amor verdadeiro por sua companheira por mais de vinte anos. Foi aí então que Sales resolveu voltar-se para Deus, com medo de perder seu amor.
O padre vendo que o busto de São Francisco de Sales se inclinar para contar detalhadamente a história, ele então deu um passou para ouvir a narração.
Segundo o santo, o homem então prometeu à São Francisco de Sales, que se sua mulher curar-se ele lhe mandaria fazer uma perna de cera. O próprio resolveu forçar assim a graça divina pela expectação do lucro.
O santo então percebeu a falta de fá em sua alma, que segundo ele faria que a intercessão fosse feita. Acabada a oração, o santo pode perceber que os pensamentos de Sales eram sobre a morte da esposa. Ele tentou contorcer para não deixar que sua boca pronunciasse seus pensamentos, e tornou a rogar para que o santo intercedesse por ele. Pensava na promessa das pernas de cera prometida ao santo, porém o dinheiro não tornava a sair de sua mente, virando assim em alucinações.
As alucinações fizeram com que ele passasse a prometer trezentos padre-nossos e trezentas ave-marias. Repetia em voz alta: trezentos, trezentas, trezentos...
Foi subindo para mil,mil,mil...assim repetia o homem na igreja.
-Vamos lá, podeis rir à vontade. Dizia São Francisco de Sales aos outros santos que riam de sua história.
Depois daí, o padre não pode ouvir mais nada, caiu redondamente no chão, e quando se deu conta o dia já estava claro. Correu para abrir a igreja e a sacristia e deixar o sol, inimigo dos maus sonhos entrarem.

O Segredo do Bonzo

Por: Janaina Silva – RA:151163

Capítulo inédito de Fernão Mendes Pinto
Narrado em primeira pessoa, O Segredo do Bonzo surge de um fato absurdo, mas que possui um profundo sentido: a virtude e o saber tem duas existências paralelas: uma no sujeito possuidor; outra, no espírito de quem ouve ou contempla, pois “não há espetáculo sem espectador”. A moral do conto é: “a essência é a aparência”. Persuadir o próximo.
Fernão Mendes Pinto (1510-1583) viajante e escritor português de vida bastante acidentada. No livro póstumo, Peregrinações, deixou registradas as aventuras e as observações das viagens que fez pelo Extremo Oriente. Suas narrativas foram consideradas, durante muito tempo, puras invencionices, inspirando o trocadilho: Fernão, mentes? - Minto.
Segundo o narrador, "uma coisa pode existir na opinião sem existir na realidade" e vice-versa. Por isso, "não nos cabe inculcar aos outros uma opinião que não temos, e sim a opinião de uma qualidade que não possuímos". O conto analisa a capacidade que alguns homens têm de persuadir o próximo.
Com O Segredo do Bonzo (publicado em Papéis Avulsos, de 1882), Machado de Assis retoma uma disputa teológica narrada por Mendes Pinto: no exótico Japão, um padre português é invejado por sacerdotes budistas devido aos favores que o rei lhe dispensava. Percebendo as discretas indicações de Mendes Pinto, que, propositadamente, omite a resposta do padre aos Bonzos, o escritor brasileiro escapa ao óbvio, pois percebe que toda a disputa, aparentemente religiosa, na verdade consistia numa luta pelo prestígio social e favores reais, transformando, assim, os Bonzos em charlatões que enriquecem às custas da crendice do povo e desmascarando a predominância da opinião sobre a realidade das coisas.
O narrador do conto O segredo do Bonzo fala do que viu na cidade de Funchéu, onde andava com um amigo, Diogo Meireles. Em um ajuntamento de pessoas, alguém que se dizia matemático, físico e filósofo, afirmava ter descoberto a origem dos grilos: eles surgem da agitação do ar e das folhas de coqueiros. Em outra multidão, um homem dizia ter descoberto o princípio da vida futura, que estava em “uma certa gota de vaca”. O narrador então fica sabendo que nos dois casos estava sendo aplicada uma doutrina criada por um homem de muito saber, um bonzo de nome Pomada.
Os dois personagens fazem uma visita ao sábio Pomada, que assim resume sua doutrina: “A virtude e o saber tem duas existências paralelas: uma, no sujeito que as possui, outra no espírito dos que o ouvem ou contemplam.” Assim, segue o sábio, uma coisa pode existir na opinião sem existir na realidade. De outro lado, uma coisa pode existir na realidade sem existir na opinião. Disso ele conclui que “das duas realidades paralelas, a única necessária é a da opinião”. Eis aí a essência do pomadismo. O bonzo pomadista, como se vê, monta sua doutrina a partir de uma afirmação trivialmente verdadeira: uma coisa pode existir na opinião sem existir na realidade, e existir na realidade sem existir na opinião. A seguir o bonzo conclui: a única existência necessária é a da opinião. Isso, diz ele, é um “achado especulativo”. O jogo do bonzo, diz o narrador, consiste em “meter idéias e convicções nos outros”. Um de seus seguidores, Titané, o alparqueiro, usa o jornal para propagandear suas alparcas comuns, fazendo crer que elas são maravilhosas. O narrador do conto, por sua vez, ao praticar a doutrina, faz de conta que toca a charamela (um antepassado da clarineta) para uma audiência que se maravilha ouvindo ... nada! Diogo Meireles, por sua vez, encontra pessoas portadoras de uma doença que torna os narizes horrendos, e convence-as a deixarem que ele arranque os narizes. Eles serão substituídos por um “nariz são, mas de pura natureza metafísica, isto é, inacessível aos sentidos humanos”. Os viventes, desnarigados, ficam muito felizes com o novo nariz inexistente.
Na cidade de Fuchéu, capital do reino de Bungo, com o padre-mestre Francisco e outros, que acertaram disputar as primazias da santa religião.
Um dia, andando a passeio com Diogo Meireles, no ano de 1552, sucedeu depararmos com um juntamento de povo, em torno um homem da terra Patimau, que queria confirmar a origem dos grilos, os quais procediam do ar e das folhas de coqueiro.
Continuaram andando e viram outra multidão que o orador dizia ter descoberto o princípio da vida futura, quando a terra houvesse de ser inteiramente destruída, e era nada menos que uma gota de sangue de vaca; daí provinha a excelência da vaca para habilitação das almas humanas; e este homem chama-se Languru.
Sucedeu porém, costearmos a casa de um certo Titamé,, alparqueiro, o qual ocorreu a falar a Diogo Meireles, de quem era amigo.
No dia seguinte, foram à casa do bonzo chamado Pomada, um ancião de cento e oito anos, muito lido e sabido nas letras divinas e humanas, de quem os outros bonzos tinha ciúmes; ele disse: -a virtude e o saber têm duas existências paralelas, uma no sujeito que as possui e outro no espírito dos que o ouvem ou contemplam. Se puserdes as mais sublimes virtudes e os mais profundos conhecimentos em um sujeito solitário, remoto de todo contato com outros homens, é como se eles não existissem, ou seja, não há espetáculo sem espectador. – Mal, pois, advinha o que me deu idéia da nova doutrina; foi nada menos que a pedra da lua, colocada no cabeço de uma montanha, dá claridade a uma campina inteira; tal pedra que ninguém nunca viu e que nunca existiu, mas que muitos que crê e dirá que viu com seus próprios olhos.
A conclusão é que das duas existências paralelas à única necessária é a da opinião, não a da realidade, que é apenas conveniente.
Nota: Bonzo = monge, servidor de um templo, estudioso de teologia e outras ciências humanas. No oriente antigo (século V a XV), a tradução da palavra Bonzo se refere ao homem religioso, sacerdote ou não, que por sua cultura geral, serve de conselheiro, psicólogo, curandeiro de males físicos e espirituais, além de mediador de discussões e desentendimentos em sua comunidade.

Papéis avulsos

Por: Janaina Silva – RA:151163

Um retrato
“Papéis avulsos” de Machado de Assis, narrado em terceira pessoa, a época promove a voz ou à vontade do homem sobre a mulher, mesmo que o marido tenha deixado-a para viver com outra para o Pará, ela se manteve e se aconselhava com o cônego.
Contradição entre parecer e ser entre a máscara e o desejo, entre a vida pública e os impulsos escuros da vida interior, desembocando sempre na fatal capitulação do sujeito à aparência dominante. Machado procura roer a substância do eu e do fato moral considerados em si mesmos; mas deixa nua a relação de dependência do mundo interior em face da conveniência do mais forte. É a combinação de desejo, interesse e valor social que fundamenta as estranhas teorias do comportamento expressa nos contos que compõem os “Papéis avulsos” de Machado de Assis, machadianos.
D. Benedita com suas feições de chamar a atenção e com a idade de 42 anos davam-lhe até 29 anos; era cortejada com segundas intenções é claro, mas ela não queria saber de ninguém. Talvez por ter sido abandonada por seu marido que era o Desembargador Proença; ele, ainda moço forte com seus 45 anos, foi para o Pará e lá vivia de amores com uma viúva e D. Benedita tem medo de embarcar, pois alguém veio uma noite lhe falar a respeito e ela sofreu, pensou em ir, mas, desistiu e deixou pra lá a idéia.
D. Benedita indecisa vai não vai, casa não casa; precisava de aprovação, consentimento de seu marido e apoio moral do cônego e por fim de seu genro para decidir o que iria fazer e, mesmo com a aprovação decidiu não ir atrás do marido no Pará e também não quis se casar novamente.
Em virtude desse abandono, ela se aconselhava com o cônego Roxo que incubiam-lhe de matrimônio para sua filha e na noite de seu aniversário era ele quem trinchava o peru da festa de D. Benedita e tocava piano naquelas ocasiões solenes.
Leandrinho, filho de D. Maria dos Anjos se interessou por Eulália filha de D. Benedita, mas a moça já tinha seu pretendente que era o oficial da marinha, 1º. Tenente Mascarenhas, que seria futuro almirante e a mãe de Eulália achou-o tão distinto que permitiu que fosse jantar em sua casa com sua família; ele pediu sua filha em casamento e tratou logo de escrever ao desembargador para a permissão do casamento e ele respondera que dava seu consentimento, acrescentando que lhe doía muito não poder vir assistir às bodas, por achar-se um tanto adoentado, mas abençoava de longe os filhos, e pedia o retrato do genro. Quinze dias depois do casamento, chegou a notícia do óbito do desembargador e D. Benedita dilacerada, depois de derramar suas lágrimas sendo uma esposa fidelíssima, quis erigir um túmulo ao marido.
O túmulo fez-se, mas D. Benedita não pode ir.
Passado um ano de sua viuvez apareceram vários pretendentes e ela não quis se casar novamente.

CONTO ALEXANDRINO

Por Alessandra Aparecida

Em “Conto alexandrino”, de Histórias sem Data, ambientado na Alexandria dos Ptolomeus, em nome da ciência, um cientista mata lentamente milhares de ratos, procurando comprovar a teoria de que, ao beber o sangue de um animal, o homem adquiria suas características morais. Ao tomar o sangue de uma aranha, por exemplo, o homem desenvolveria o dom da música e, ao tomar o sangue de ratos, viraria ratoneiro, ou seja, ladrão. Stroibus e Pítias, os dois cientistas, aplicam, um no outro, doses de sangue de rato e tornam-se ladrões, roubando, primeiro, idéias um do outro e, depois, até manuscritos da Biblioteca de Alexandria. Flagrados, são condenados à morte.
Na prisão, como os demais, seriam entregues a experiências, sempre em nome da ciência. Escrito em pleno apogeu das teorias evolucionistas de Charles Darwin (1809-1882), discípulo e continuador da obra de Lamarck (1744-1839), este conto de Machado de Assis é uma sátira ao amor cego à ciência, ao mostrar que a mesma teoria aplicada aos animais pode ser aplicada ao homem de tal modo que ele acaba torturado. De certo modo, o autor antecipa, de modo premonitório, o terror nazista e as experiências do médico alemão Joseph Mengele (1911-1979) no campo de extermínio de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial.
Machado declara: "As idéias alheias, por isso mesmo que não foram compradas na esquina, trazem um certo ar comum; e é muito natural começar por elas antes de passar aos livros emprestados, às galinhas, aos papéis falsos, às províncias, etc. A própria definição de plágio é um indício de que os homens compreendem a dificuldade de confundir esse embrião da ladroeira com a ladroeira formal. Ora, idéias não são produtos de consumo como também não são produtos absolutamente originais. As idéias iniciamsempre in medias res para depois pro-cessarem o ato de leitura/escrita em papéis falsos, em livros emprestados, em galinhas e províncias, ou em interpretações inadequadas. Afinal, como diz o ditado popular: quem conta um conto aumenta um ponto. Ou seja, "fusão, transfusão, difusão, confusão e profusão de seres e de coisas", se encontram no sentido de destinerrance: o “embrião da ladroeira”, longe de ser mero plágio ou débito, é o que dá vida (sobrevida textual) a um destino, a uma herança e a uma errância de textos.

O CONTO DO CHAPÉUS

Por Alessandra Aparecida

Humilhada, repleta de despeito, Mariana resolve espairecer, indo visitar uma amiga, Sofia – “alta, forte, muito senhora de si”. Num ato de fraqueza, confessa a Sofia o motivo de sua visita e a amiga a convence a irem juntas passear na Rua do Ouvidor. No entanto, o passeio revela-se perturbador e Mariana, angustiada, anseia por voltar para a segurança do seu lar. Ao chegar em casa, porém, o marido comprou um chapéu novo e Mariana, ainda assustada, pede-lhe que volte a usar o chapéu de sempre.
O conto é dominado pelas figuras de duas mulheres: Mariana e Sofia. Personalidades opostas, elas representam dois mundos diferentes, mas próximos entre si, presentes na nova configuração da realidade brasileira da segunda metade do século XIX. Mariana é a mulher infantilizada e alienada num ambiente doméstico; sua vida resume-se a casa e seus objetos: Móveis, cortinas, ornatos supriam-lhe os filhos; tinha-lhes um amor de mãe; e tal era a concordância da pessoa com o meio que ela saboreava os trastes na posição ocupada, as cortinas com as dobras do costume, e assim o resto. Sua caracterização evidencia o quanto está de acordo com os ideais de feminilidade de um mundo marcado pela figura do patriarca: era uma criatura passiva, meiga, de uma plasticidade de encomenda, capaz de usar com a mesma divina indiferença tanto um diadema régio como uma touca. Ou seja, é uma criatura feita de clichês que servem para reafirmar o oposto, a virilidade masculina. Sua vida estreita, concorda com suas leituras: Os hábitos mentais seguiam a mesma uniformidade. Mariana dispunha de muitas poucas noções, e nunca lera senão os mesmos livros: a Moreninha, de Macedo, sete vezes; Ivanhoé e o Pirata, de Walter Scott, dez vezes; e Mot de l´enigme, de Madame Craven, onze vezes.
Em oposição à sua figura, há Sofia, uma mulher da nova sociedade: independente, resoluta, seus limites vão além da vida doméstica, estendendo-se para a rua: Sofia, prática daqueles mares, transpunha, rasgava ou contornava as gentes com muita perícia e tranqüilidade. Mais ainda, Sofia era honesta, mas namoradeira: o termo é cru e não há tempo de compor um mais brando. Namorava a torto e a direito, por necessidade natural, um costume de solteira. A relação das duas mulheres com os maridos segue esse caráter de oposição. Sofia domina o marido: Olhe eu cá vivo, muito bem com o meu Ricardo; temos muita harmonia. Não lhe peço coisa que ele não faça logo; mesmo quando não tem vontade nenhuma, basta que eu feche a cara, obedece logo. Não era ele que teimaria assim por causa de um chapéu! Pois não! Onde iria ele parar! Mudava de chapéu, quer quisesse, quer não.
Sofia possui certa consciência de seu desejo e aproveita-se do fato de ser objeto de desejo dos outros homens: sai para ser vista, seu olhar se desloca incessantemente para capturar o olhar do outro, numa postura ativa: Muitos eram os olhos que a fitavam quando ela ia à câmara, mas os do tal secretário tinham uma expressão mais especial, mais cálida e súplice. Entende-se, pois, que ela não o recebeu de supetão; pode mesmo entender-se que o procurou curiosa.
Sofia encarna o novo papel da mulher: a vida social é muito importante e o que vale é ver e ser vista.

D. Paula

Por Jaqueline

O conto é a história de uma senhora chamada Paula, que tenta de todas as formas salvar o casamento de sua sobrinha, Venancinha, depois que esta tem seu casamento ameaçado por uma suspeita de seu marido, este acha que ela o traiu cometendo assim um adultério, tema muito recorrente nos contos de Machado de Assis.
Porém, o leitor fica sabendo que também a própria Paula havia, no passado, envolvido-se com o pai do amante da sobrinha, Vasco Maria Portela.
Ela então se retira com a sobrinha para a Tijuca, onde mora, a fim de tentar “restaurar” Venancinha. E lá, entre “lembranças” e “comoções extintas”, D. Paula vai revivendo o passado. Na medida em que flui o relato da sobrinha, o leitor vai conhecendo a solidão amargurada da protagonista, que salvou sua sobrinha do mesmo tipo de vida. 
Neste conto, Machado de Assis, mostra dona Paula e Venancinha como mulheres consideradas adúlteras,
comportamento socialmente inaceitável no século XIX, quando o padrão bem-visto era o da mulher cuja ambição máxima era o casamento e a maternidade, instituições que lhe garantiam respeitabilidade e colocavam-na num lugar social desejável.

Um Apólogo

Por Jaqueline

Um Apólogo é uma narrativa na qual possui como protagonistas uma agulha e um novelo de linha, aos quais discutem cada qual sobre sua utilidade e possui como fundo uma mensagem moral.
Essa discussão acontece enquanto uma costureira prepara o vestido para a baronesa. A agulha começa a discussão perguntando à linha o porquê dela estar "toda cheia de si e com ar de superioridade", a linha por sua vez vai adiante com discussão dizendo que "é ela quem prende os panos e que a agulha simplesmente vai mostrando o caminho". A discussão das duas protagonistas continua até a hora do baile, momento em que a linha diz para a agulha "ora, ora, quem vai ao baile no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira?". A agulha não diz nada, mas um alfinete, de muita experiência diz que ela é tola em abrir os caminhos para a linha enquanto ela vai gozar o lado bom da vida, que ela deveria ser como ele que não abre caminho para ninguém e que onde o espetam, ele fica.
Machado de Assis,neste conto,baseou-se na prática de profissões diversificadas, percebendo que em toda parte há sentimentos de superioridade e de inferioridade.
A moral que o conto nos deixa é que há pessoas que se consideram mais importantes que as outras, mas na nossa sociedade precisamos uns dos outros e nunca devemos julgar ou subjulgar ninguém.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Galeria Póstuma

Por: Marcos Canhadas RA:152178

O conto narra a história de um rapaz que encontra o diário de seu tio, falecido recentemente, e descobre a surpreendente opinião do homem sobre as pessoas que o cercavam, incluindo o rapaz. É uma crítica à hipocrisia. Neste conto  Machado de Assis,apresenta-se como um narrador detalhista, que descreve cada personagem  como se fizessem  parte de sua própria vida. A riqueza dos detalhes, o engajamento, e a consistência de seus personagens, despertam no leitor o interesse pela história  e pela leitura.Mostrava-se um escritor naturalista.
A descrição da dor de perda sentida pelo sobrinho Benjamim , nos dá a impressão,ao ler o conto,que se trata de um filme:  seria como se pudéssemos ver o desenrolar  da história à nossa frente.

Singular Ocorrência

Por: Marcos Canhadas RA:152178

Este conto é o relato de um homem a um amigo sobre o caso extraconjugal de um outro amigo. Ele conta que esse amigo e a amante eram apaixonados (ela abandonara a prostituição por ele) e que, numa única vez, o havia traído. E foi este caso que gerou um grande turbilhão emocional que quase acabou no rompimento e suicídio da amante, mas eles por fim se reconciliaram e viveram felizes até que ele mudou de província e morreu antes de voltar.

A traição de uma ex-prostituta, de caráter irreprochável, em relação ao amante, é narrada sem que nenhum dos interlocutores do conto consiga encontrar uma explicação racional para o fato.

Em Singular Ocorrência o autor afasta-se do narrador e deixa o leitor identificar-se consigo mesmo na pessoa do herói-narrador.

Não existe neste conto um narrador explícito, entretanto, no diálogo desenvolvido pelas personagens evidencia que existe  uma  outra  narrativa dentro da primeira, pois fala da história de uma mulher que foi avistada pelas personagens que realizam o diálogo inicial. Portanto, Machado de Assis soube utilizar-se da técnica narrativa do diálogo com perfeição, não havendo, neste caso, a necessidade de utilização de um narrador interferindo na história vivida pelas personagens. Sem, no entanto, deixar de fazer uso da interferência e juízos de valor quando passa a uma das personagens o papel de narrador para contar a história de Marocas.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O Lapso

Por:
Liliana Almeida – RA: 152566
Os contos Histórias sem Data foram publicados (possivelmente) em 1884. Nestes contos, assim como em outras obras machadianas, o autor traz como característica forte a análise psicológica dos personagens. E assim, desta forma, os personagens vão crescendo e criando uma densidade que deixa confuso os leitores, pois que, embora apresentado algumas questões simples, suas histórias são impregnados de complexidade quanto ao comportamento do homem enquanto ser humano.
         Em O Lapso, conto pronfundíssimo se analisado à luz da psicologia, encontramos alguns personagens que merecem grande atenção; dentre eles destaco o personagem Dr. Jeremias Halma, médico e holandês, um homem muito viajado, sábio, intelectual; tinha experiências positivas com terapias (“Não conto os melhoramentos terapêuticos, e outras muitas cousas, que o recomendam à nossa admiração”), falava corretamente seis línguas vivas e mais duas mortas; era simples e modesto. E, também, o personagem Tomé Gonçalves, homem abastado, e, segundo algumas induções, vereador da Câmara. Este homem não tinha só dinheiro, tinha também dívidas e muitas, nem todas recentes. Portanto vivia cercado de credores. Estes, por direito, vivam incomodados buscando meios de readquirir o que lhes pertenciam; buscavam justiça, mesmo que com certa cautela, pois estavam diante de um homem ‘importante’.
          Entretanto, diante de toda esta constrangedora situação que fazia aflito o espírito de cada credor, havia um fato oculto a todos que fora descoberto, e, também anunciado, pelo bondoso e sábio Dr.Jeremias. É que o Tomé Gonçalves sofria de uma doença especial; sofria de lapso de memória. Por esta razão, segundo explicação do Dr. Jeremias, é que ele não pagava as dívidas; não era por descuido ou de propósito que ele deixava de saldar as contas, mas porque esta idéias de pagar, de entregar o preço de uma coisa havia “evaporado” de sua mente. Mas, que esta doença tinha cura através de uma droga curativa já aplicada com sucesso anteriormente.
          Porém, o Dr. Jeremias Halma dispunha, também, de um arsenal teórico e de um método terapêutico que não mais se referiam às questões do corpo e sim visavam à exploração da alma. Desta forma, o paciente foi progressivamente induzido a reconhecer sua “falta” através da exposição direta a situações de “choque”. Portanto, com seu melhoramento terapêutico, restituiu a saúde do Tomé Gonçalves e este restituiu todas as suas dívidas. A droga teve um funcionamento genérico, de recuperação “abstrata da memória”, mas o que deu resultado concreto, o que levou à cura efetiva, com o pagamento das dívidas, foi a ação do médico junto ao doente. 

A Igreja do diabo

Por Liliana Almeida – RA: 152566

A igreja do diabo é mais um dos contos machadianos que integra a coleção Histórias sem Data. Assim como os demais contos, Machado de Assis, sutilmente e de maneira muito genial trás idéias fortíssimas com ensinamento moral sob a forma de fábula. Neste conto, temos como personagens principais Deus e o Diabo, e um destaque focando de modo cômico a relação Deus, religião, homem, razão. Nele o Diabo questiona a religiosidade e a maneira de como o homem se comporta mediante suas “obrigações” religiosas. Machado de Assis buscou nesta ficção realista (assim como nos demais contos), compreender os mecanismos que regem o comportamento contraditório Humano, sejam de caráter espiritual ou social e assim, mergulha de maneira profunda na consciência e alma dos seus personagens expondo as fraquezas e “miudezas” que os dominam.
          Este conto nos fala do dia em que o diabo quis fundar uma igreja e resolveu ir ter com Deus para anunciar-lhe as boas novas. Segundo ele, estava cansado do papel avulso que exercia sem organização, sem regras, sem cânones, sem ritual, sem nada. Porque não ter uma igreja “séria”, organizada? Assim desta forma poderia concorrer com as demais religiões. Desta forma pensava o pobre Diabo.
E, subindo aos céus falou com Deus dizendo: “Não tarda muito que o céu fique semelhante a uma casa vazia, por causa do preço, que é alto. Vou edificar uma hospedaria barata; em duas palavras, vou fundar uma igreja.” Depois de um profundo diálogo com Deus, o diabo desce a terra para dar início ao seu mirabolante plano.
          Começou então a espalhar uma doutrina nova e extraordinária. Tentava dissuadir os homens da idéia que tinham a respeito de si, anunciando a si mesmo como o diabo “verdadeiro e único o próprio gênio da natureza... verdadeiro pai”.

Prometia tudo, mas tudo mesmo aos interesseiros e confusos homens. Após congregá-los deu-lhes a doutrina que consistia em o homem negar os “valores” e aderir às práticas ilícitas tais como: soberba, luxúria, preguiça, avareza, adultério, etc. Dizia ele, que a inveja, a exemplo, era a virtude principal, origens de prosperidades infinitas, virtude preciosa que chegava a suprir todas as outras. Desta forma tudo que era impuro, desonesto, perverso, frio, ganancioso era pregado na igreja do diabo.
          Entretanto, passando os anos o diabo percebeu que muitos dos seus fiéis, às escondidas, voltaram a praticar as boas virtudes e isso muito o perturbou, o chocou. “O pasmo não lhe deu tempo de refletir...”. Voltou aos céus para buscar em Deus a resposta deste singular fenômeno. Ao que ouviu trêmulo de raiva: “O que queres tu? É a eterna contradição humana”.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Cantiga de esponsais

Por: Luis Felipe

A personagem principal chamava-se Romão Pires, teria cerca de sessenta anos, não menos, nascido no Valongo, ou por esses lados. É bom músico e bom homem; todos os músicos gostam dele. Mestre Romão é o nome familiar, e dizer familiar e público era a mesma coisa em tal matéria e naquele tempo.


Objetivismo tem a preocupação com a verdade não apenas com a verossímil, mas com a verdade exata, a que se chega através de observação e análises. Os autores põem em primeiro plano as impressões sensoriais de acordo com sua descrição objetiva.

Regia a orquestra da igreja, mas na sua vida pessoal era só infelicidade, pois sua melancolia era por não poder compor, não possuir o meio de traduzir o que sentia. Rabiscava mais nada o agradava.

Temas contemporâneos normalmente a obra realista e naturalista centra-se no presente, no momento vivido pelo autor. São frequentes as críticas sociais, que busca desnudar as mazelas da burguesia e do clero, e a análise psicológica, voltada para a investigação dos motivos das ações humanas.

Provavelmente o que ocorrera foi o fato de ter casado e no terceiro dia tentar expressar sua felicidade a esposa que não era bonita, mas o amava. Contudo essa após três anos morrera sem ouvir essa canção esponsalícia que seu marido tentou fazer num momento de extrema alegria conjugal.

Por fim ele depois da perda de sua amada continua tentando, mas nada sai, embora não faltasse experiência e capacidade. O mestre acaba adoecendo, porém não desiste de concretizar sua canção, e é em um casal que acaba de casar que o revela a tão esperada canção interpretada pela mulher.

Personagens esféricas é a valorização das personagens esféricas, que apresentam simultaneamente várias qualidades ou tendências; são complexas, multiformes, e repelem qualquer simplificação. São dinâmicas, porque evoluem e têm profundidade psicológica.

Último Capítulo

Por: Luis Felipe

Nascido em 3 de março de 1820, Matias Deodato de Castro e Melo natural de Corumbá, Mato Grosso, filho do Sargento- Mor Salvador Deodato de Castro e Melo e de D. Maria da Soledade Pereira, ambos já falecidos.


Inicia o conto explicando o por quê da cartas dos suicidas.

A narrativa é lenta, minuciosa e a ação e o enredo perde a importância para a caracterização das personagens.

Ele se diz caipora (pessoa que dá ou tem azar, azarado), e cita seu primeiro ato de caiporismo que fora entre os 7 e 8 anos, onde se balançava na rede na hora da sesta, que aconteceu o incidente de cair da rede de costas para o chão, no entanto quebrou o nariz com uma telha solta. Provavelmente começou ali seu ciclo de azar.

Predomina a denotação e a metáfora é colocada em segundo plano, cedendo lugar à metonímia.

Sua história tem vários entrelaços de azar x sorte, romance x traição, felicidade x tristeza, crença x descrença, e a primordial vida x morte.

Impassibilidade o autor procura uma posição neutra, ausentando-se da narrativa pelo destino das personagens, que são “fotografadas” por dentro (Machado de Assis) ou por fora (Aluísio Azevedo). Procura-se obedecer a uma lógica rigorosa entre as causas que determinam o comportamento humano; nenhuma atividade de personagem realista é gratuita, há sempre uma explicação lógica e cientificamente aceitável para o seu comportamento.

No conto existe um trecho que simplifica mais o entendimento: “Compreendam-me bem; tudo o que até então dependia do mundo exterior, era naturalmente precário: as telhas caíam com o abalo das redes, as sobrepelizes recusavam-se aos sacristãos, os juramentos das viúvas fugiam com os dogmas dos amigos, as demandas vinham trôpegas ou iam-se de mergulho; enfim, as crianças nasciam mortas.”

Personagens esféricas é a valorização das personagens esféricas, que apresentam simultaneamente várias qualidades ou tendências; são complexas, multiformes, e repelem qualquer simplificação. São dinâmicas, porque evoluem e têm profundidade psicológica.

Umas férias

Por: Alessandra Carrasco Benatti

Esse conto Machadiano trata da estória de um menino chamado José Martins que não gosta da escola, na verdade de estudar. Estando ele na escola aparece seu tio Zeca para buscá-lo, e ele todo feliz achando que acontecerá alguma festa em sua casa vai. Porém o tio Zeca não diz nada e José não se atrevia a perguntar.


Em seguida foram ao colégio da irmã de José chamada Felícia para apanhá-la, vendo isto à alegria de José foi maior ainda, pensou só pode ser uma festa, portanto foram os três tio Zeca, Felícia e José andando para casa. As duas crianças paravam algumas vezes para admirar a porta de alguns armarinhos ou vendas, mas logo tio Zeca os chamava-os, e eles iam andando até que outra curiosidade os detessem novamente.

Felícia era um ano mais velha que José, eles vinham falando, pensando que tipo de festa seria, imaginaram que poderia ser anos do tio Zeca, ou quem sabe eleições já que o padrinho de José era candidato a vereador; embora José não soubesse o que era candidatura nem vereação, o fato é que eles estavam alegres, e imaginavam em suas cabeças as festas. José chegou a dizer a Felícia que poderiam ser noites de Santo Antônio e São João, apesar de já idas naquele tempo. Então José falou a irmã da fogueira no quintal, das rodinhas e das danças, e se fosse essa mesma a festa ele aproveitaria a ocasião para deitar à fogueira o livro da escola, mas Felícia logo respondeu que o pai deles compraria outro livro, entretanto José respondeu que até o pai comprar outro ele ficaria brincando em casa e ajuntou que aprender era muito aborrecido.

Nisto tio Zeca parou para conversar com um desconhecido ao pé das crianças. O desconhecido pegou no queixo das crianças e levantando-os a cara para ele, fitou-os com seriedade, deixo-os e despediu-se dizendo nove horas lá estarei. Quiseram perguntar ao tio Zeca quem era aquele homem que pareceu-lhes conhecido, mas a promessa de lá estar as nove horas fez dominar a cabeça dos dois pensando que por exceção estariam acordados para a festa que eles pensavam acontecer naquele horário.

Logo depois parou um casal que estavam numa carroça, os meninos diziam que era dia dos desconhecidos, tio Zeca parou novamente e pediu que os dois o esperassem, antes do casal ir, a mulher os olhou com pena ou coisa parecida. Como a casa deles ficava próxima, dobraram a esquina e viram os portais da casa forrados de preto.

Quando eles entraram houve certo rebuliço e foram para a sala de jantar e álcova, onde a mãe os recebeu entre lágrimas dizendo:

“ — Meus filhos, vosso pai morreu!”

José não teve forças para andar, pensou “Morto como? Morto por quê? Ouviu as palavras de sua mãe se repetirem nele. Então sua mãe arrastou-lhes para a cama, onde jazia o cadáver do marido e fez José e Felícia beijar-lhes as mãos, mas José estava tão longe daquilo, não entendia nada no começo, mas depois a tristeza e o silêncio das pessoas ajudaram a José entender que seu pai morrera deveras. Não era dia santo, com sua folga e recreio, não era festa, não eram horas breves ou longas, para ele desfiar em casa, arredado dos castigos da escola. O pai de José estava defunto, sem pulos, nem danças, nem risadas, nem bandas de música, coisas todas também defuntas.

José pensava se houvessem dito a ele a saída da escola por que o iam buscar, é claro que a alegria não houvera penetrado em seu coração, donde era agora expelida a punhadas. O enterro do pai de José foi no dia seguinte às nove horas da manhã, e provavelmente lá estaria aquele amigo de tio Zeca que se despediu dele na rua no dia anterior com a promessa de ir às nove horas. Lá estava o padrinho de José e a mulher dele que levou José a uma alcova dos fundos para mostrar gravuras a ele, na ocasião da saída, ouviu os gritos da mãe, o rumor dos passos levando o caixão. Lá iam o pai e as férias! Um dia de folga sem folguedo! Não, não foi o um dia, mas oito, oito dias de nojo, durante os quais alguma vez ele se lembrou da escola.

A mãe de José chorava, cosendo o luto, entre as visitas de pêsames, José também chorava, lembrava que não iria ver mais o pai às horas de costume, não lhe ouviria a palavra do pai a mesa do balcão, nem as carícias que dizia aos pássaros. Por causa disso a sua mãe só vivia calada, quase só falava às pessoas de fora, foi assim que José ficou sabendo que seu pai morrerá de apoplexia.

Depois de longos dias calados e reclusos José sentiu saudades da escola, via longe as caras dos meninos, os gestos de troça nos bancos, e os saltos à saída. Já a ocasião da missa de sétimo dia restituiu José à rua, no sábado foi à casa do padrinho, mas a alegria voltou à vida de José na segunda-feira, na escola. Entrou vestido de preto, foi mirado com curiosidade, tão feliz ficou com os colegas que esqueceu as férias sem gosto, e achou grande alegria sem férias.

Esse conto é uma lição, pois José, o personagem principal, não quer estudar, e claro prefere as festas, as férias do que a escola, por isso quando seu tio Zeca o pega na escola fica alegre e em sua cabeça de criança pensa em mil festejos, e essa alegria cai por terra quando ele chega em casa e vê o pai morto, é possível sentir o desespero do personagem.

Enfim Machado mostra com coisas simples, cotidianas, a realidade da vida, o personagem passa da alegria para a tristeza num piscar de olhos, a vida é assim, às vezes estamos bem e às vezes não. O menino, José Martins, que no começa do conto não quer estudar, mas depois da morte pai com tanta tristeza fica feliz em poder voltar as aulas, então a escola que era tediosa e enfadonha acaba por tornar-se uma alegria.

SUJE-SE GORDO!

Por: Alessandra Carrasco Benatti

Dois amigos passeavam pelo terraço do teatro São Pedro de Alcântara durante a peça A Sentença ou Tribunal do Júri, quem conta a estória não tem certeza do nome da peça. O “amigo” do narrador começa a contar sua experiência como presidente do conselho do Júri ao narrador, vou chamá-lo de “amigo”, pois neste conto, Machado de Assis não dá nome aos dois sujeitos que começam o conto, aliás é o nome da peça que dá início a conversa quando o “amigo” do narrador diz que é contra o Tribunal do Júri, segundo ele:


“— Fui sempre contrário ao júri, — disse-me aquele amigo, — não pela instituição em si, que é liberal, mas porque me repugna condenar alguém, e por aquele preceito do Evangelho; “Não queirais julgar para que não sejais julgados”.”

Mas mesmo assim ele participou do Tribunal do Júri por duas vezes. Neste momento já se pode encontrar ambiguidade no texto machadiano, como alguém que repugna condenar pode participar por duas vezes de julgamentos. E diz que era tal o seu escrúpulo que, salvo dois casos, absolveu todos os réus, quer dizer o não julgar não coube para ele.

E ainda comenta sobre o caso do primeiro réu que condenou, em detalhes que estão abaixo:

“— Era um sujeito limpo, acusado de haver furtado certa quantia, pequena, com falsificação de papel, o réu não negou o crime, ele mesmo disse que Deus que via os corações, daria ao criminoso o verdadeiro o merecido castigo, falou isso sem ênfase, triste, a palavra surda, os olhos mortos, com tal palidez que metia pena; o promotor público achou nessa mesma cor do gesto a confissão do crime. Ao contrário, o defensor, mostrou que o abatimento e a palidez significavam a lástima da inocência caluniada.”

Depois disso houve o discurso de ambas as partes, briga boa. Então o presidente do tribunal resumiu os debates, leu os quesitos, tudo foi entregue ao presidente do júri no caso o “amigo”, o que aconteceu foi o seguinte:

“— Um dos jurados cheio de corpo e ruivo, parecia mais que ninguém convencido do delito, o processo foi examinado e votado, e as respostas dadas (onze contra um), só o jurado ruivo estava inquieto. No fim o réu foi condenado. Um dos jurados, certamente o que votara pela negativa, - proferiu algumas palavras de defesa do moço. O ruivo, - chamava-se Lopes, - replicou com aborrecimento:

— Como, senhor? Mas o crime do réu está mais que provado.

— Deixemos de debate, disse eu (“amigo”), e todos concordaram comigo.

— Não estou debatendo, estou defendendo o meu voto, continuou Lopes. O crime está mais que provado. O sujeito nega, porque todo o réu nega, mas o certo é que ele cometeu a falsidade, e que falsidade! Tudo por uma miséria, duzentos mil-réis! Suje-se gordo! Quer sujar-se? Suje-se gordo!

“Suje-se gordo!” Confesso-lhe que fiquei de boca aberta, não que entendesse a frase, ao contrário, nem a entendi nem a achei limpa, e foi por isso mesmo que fiquei de boca aberta.”

Machado é brilhante como sempre, ele deixa no ar o sentido da frase “Suje-se gordo”! que é também o título do conto, por isso mesmo faz com que o leitor pense sobre a frase e o título, só que cabe a cada um a interpretação do conto, eu mesma tive que lê-lo pelo menos umas quatro vezes para interpretá-lo e ainda assim procurei na internet uma resenha critica sobre o conto para me basear e poder fazer a minha própria resenha.

Confesso-lhe que para mim a expressão “Suje-se gordo”! é ambígua, pode ter o sentido tanto para o bem quanto para o mal, pode ser que seja “quer roubar, roube mesmo” no sentido de “Dane-se” ou no sentido de “quer fazer faça!”, “aproveite”. Sendo assim fica a critério de cada um o que a expressão “Suje-se o gordo” quer dizer.

Continuando o conto, o “amigo” sai do Tribunal pensando na frase do Lopes, depois de um tempo caminhando ele diz ter entendido o sentido de “Suje-se gordo”! diz que quer voltar para cumprimentar Lopes, mas não o faz e diz o seguinte:



“— “Suje-se gordo!” era como se dissesse que o condenado era mais que ladrão, era um ladrão reles, um ladrão de nada.”

Nesta frase o “amigo” encontra ou pelo menos pensa que encontra o sentido da expressão “Suje-se o gordo!”, ou seja, quer se sujar por pouca coisa, então que o faça, um reles ladrão é pior do que ser um ladrão que rouba muito porque se for apanhado será por uma quantia alta e terá se sujado por muito.

Depois de muito tempo, o “amigo” foi chamado a participar novamente do Tribunal do Júri, e diz a seu filho que não irá por causa do preceito evangélico, o mesmo que usou no principio do conto, mas o filho o convence a ir, pois diz que ele faltaria com um dever de cidadão se não o fizesse.

Foi e julgou três processos, um deles era de um empregado do Banco do Trabalho Honrado, era um homem magro e ruivo, e quem era? Era o Lopes, o ruivo, só que agora estava magro, mas o “amigo” o reconheceu, é era o mesmo que disse “Suje-se gordo!” e que fizera parte do Júri, porém agora se encontrava na posição de réu, ao invés de julgar seria julgado.

O “amigo” não consegue acompanhar atentamente o interrogatório, quando se deu conta disso já estava no final, segundo ele, Lopes negava com firmeza tudo o que lhe perguntavam, ou respondia de maneira complicada, circulava os olhos sem medo, nem ansiedade, por fim ocorreram os depoimentos e o “amigo” comenta:

“— Eu ouvia ler ou falar e olhava para o Lopes. Também ele ouvia, mas com o rosto alto, mirando o escrivão, o presidente, o teto e as pessoas que o iam julgar; entre elas eu. Quando olhou para mim não me reconheceu; fitou-me algum tempo e sorriu, como fazia aos outros.”

Então houve os debates entre advogado e promotor e o “amigo” pensa:

“— Enquanto os dois oradores falavam, vim pensando na fatalidade de estar ali, no mesmo banco do outro, este homem que votara a condenação dele, e naturalmente repeti comigo o texto evangélico: “Não queirais julgar, para que não sejais julgados”. Confesso-lhe que mais de uma vez me senti frio. Não é que eu mesmo viesse a cometer algum desvio de dinheiro, mas podia, em ocasião de raiva, matar alguém ou ser caluniado de desfalque. Aquele que julgava outrora, era agora julgado também.

— Ao pé da palavra bíblica lembrou-me de repente a do mesmo Lopes: “Suje-se gordo!” Não imagina o sacudimento que me deu esta lembrança. Evoquei tudo o que contei agora, o discursinho que lhe ouvi na sala secreta, até àquelas palavras: “Suje-se gordo!” Vi que não era um ladrão reles, um ladrão de nada, sim de grande valor. O verbo é que definia duramente a ação. “Suje-se gordo!” Queria dizer que o homem não se devia levar a um ato daquela espécie sem a grossura da soma. A ninguém cabia sujar-se por quatro patacas. Quer sujar-se? Suje-se gordo!”

Na narrativa acima o “amigo” quer reafirmar o sentido de “Suje-se gordo” adotando a mesma concepção que idealizou por ocasião da primeira vez no Tribunal do Júri ,que é quer se sujar por pouca coisa, então suje-se! O que mais me chama atenção nesse trecho é que a vida dá muitas voltas e Machado mostra isso quando coloca Lopes, o ruivo, no primeiro julgamento como jurado e no segundo como réu, quer dizer nunca se sabe pelo que teremos que passar, ou do que somos capazes de fazer e cometer.

Em seguida acontece o julgamento de Lopes, o incrível é que o “amigo” que é contrário ao julgar as pessoas condena Lopes, mas por nove votos a três Lopes é absolvido, absolvição a qual ele não teve parte alguma. E ainda diz:

“— A diferença da votação era tamanha que cheguei a duvidar comigo se teria acertado. Podia ser que não. Agora mesmo sinto uns repelões de consciência. Felizmente, se o Lopes não cometeu deveras o crime, não recebeu a pena do meu voto, e esta consideração acaba por me consolar do erro, mas os repelões voltam. O melhor de tudo é não julgar ninguém para não vir a ser julgado. Suje-se gordo! suje-se magro! suje-se como lhe parecer! o mais seguro é não julgar ninguém.”

Em suma até no final do conto o “amigo” continua negando o preceito evangélico que cita desde o início do conto, porque mesmo depois de votar pela condenação de Lopes, ele diz que o melhor é não julgar, mas eu concordo com Machado de Assis o melhor mesmo é não julgar os outros, então que cada um cuide da sua vida como melhor lhe prover, e conclua do conto como achar justo, já que o que Machado quer mesmo é provocar no leitor o pensamento, a critica, a opinião.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Conto “O Enfermeiro”

Por: ANGELA MARIA FERNANDES


O conto baseia-se no relato do enfermeiro por nome de Procópio, homem honesto, tolerante. E muito competente no que faz.. Este porém recebeu uma proposta para servir o Coronel Felisberto, enfermo em estado terminal.


No começo foi tudo muito agradável, mas logo o coronel mostrou-se arrogante, e o quanto menosprezava as pessoas em sua volta. Por algum tempo, foi se acostumando com as patadas e a falta de sensibilidade do patrão, mas devido o pedido do padre que era seu amigo desde o colégio que sempre o ajudou , foi ficando um pouco mais, mas já não suportava o coronel e suas mal criações.

Num belo dia o doente atirou um jarra, que atingiu em cheio o seu rosto e foi até o chão, ao despertar do desmaio avançou para cima do coronel e o esganou.

Ele não imaginara que ele seria o causador da morte do paciente, que já estava às últimas, mas, no entanto, fora ele quem o matara, justamente quem deveria protegê-lo e cuidar para que tudo ocorresse bem.



Para disfarçar ele mesmo tratou de vestir o corpo, e arruma-lo de forma que não levantasse suspeita, pois ele foi enfermeiro que mais mostrou-se paciente e competente entre todos que já haviam contratado para cuidar do coronel.



O coronel Felisberto não tinha parente e por isso, deixou o testamente em favor do único enfermeiro que havia lhe dedicado à devida atenção.

O enfermeiro, ficou perplexo ao saber da noticia, queria em primeiro momento fazer doações, para disfarçar o seu crime e talvez se redimir. E quem lhe questionava sobre o velho e de como ele era insuportável, ele o elogiava, e o defendia, dizendo-lhes que era por causa da doença que o velho agia daquela forma..

Não achava justo no começo, ser o único herdeiro, mas o tempo foi passando e ele acreditou mesmo que, o que aconteceu foi obra do destino, e que ele merecia a herança., pois o crime foi acidental, pois já se esperava a morte do paciente.



Com tudo isso podemos ter a idéia do Realismo de Machado de Assis, neste conto a relação do ser humano, em face a seu crime, e a forma de como contornar este problema, para não se prejudicar criminalmente, arrumava merecedor de uma nova vida.

Com a aparência camuflada passava-se por um homem de bem, e de competência incontestável.

Assim como na vida real, tal como o conto, nos deparamos com pessoas fingidas e que estão por elas mesmas acima de qualquer suspeita, acreditando que é inocente tal qual o nosso enfermeiro de Machado de Assis.

conto “ O Diplomático”

Por: ANGELA MARIA FERNANDES


Rangel homem ambicioso, mas de pouca ação. Passou a vida à espera de um bom casamento que lhe trouxesse status e fortuna. Freqüentava os lugares mais distintos da sociedade, com pura e simplesmente vontade de realizar o seu sonho.


Com tantas exigências em encontrar a mulher perfeita, acabou solteirão.

Freqüentava constantemente a casa do seu amigo João Viegas, pai de Joaninha que a conhecia desde pequena.

Rangel era conhecido como o diplomático, pelo seu jeito elegante e fino de se portar em todas as ocasiões.Na casa do Pai de Joaninha ele lia a sorte das pessoas, e por isso era tratado com respeito e admiração.de todos.Joaninha crescera e por ela despertou um repentino interesse, mas como revelar seu amor, se a carregara nos braços quando pequena, e por se tratar da filha do seu melhor amigo.

Planejou abrir o seu coração na ultima festa de outono, mas aconteceu o inesperado, um convidado amigo do amigo de João, o Queiroz, apareceu para a sua infelicidade, o rapaz era atraente e divertido, pois envolvia a atenção de todos os presentes e principalmente da sua Joaninha, que foi receptiva aos olhares do seu rival. Por este desenvolveu imediatamente inveja e ódio., Foi para casa atordoado, chorando como criança, como poderia perder um amor que alimentara a muito tempo, em poucas horas, já não se tinha mais a esperança de alimenta-lo em sua imaginação.

Alguns meses se passaram e para completar sua desgraça, Rangel serviu de testemunha de casamento de sua amada..

Com este conto machadiano podemos tirar as conclusões das fraquezas humanas, fraquezas estas que imobilizam suas ações levando a inutilidade de toda uma vida.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O espelho

Por: Juliano Rodrigues


A história tem seu princípio na descrição de um ambiente de discussão provocado por quatro ou cinco senhores que investigam assiduamente as questões imateriais sobre a alma e o universo enfim. Dentre eles, o casmurro Jacobina parece um tanto quanto apático, distante da conversa de seus convivas. Este que, abstido de discutir, considerava esse exercício intelectual como oriundo da natureza besta, animal do homem, embora seja polido em sociedade. No momento em que um dos quatro cavalheiros exige uma posição de Jacobina, este se volta a eles anunciando que discorrerá sobre a alma humana, tomando a palavra a diante. Afirma que cada pessoa possui não uma, mas duas almas humanas: uma que se dirige do interior ao exterior e outra que realiza seu curso no sentido contrário, ou seja, de fora para dentro. Ambas as almas se completam como, segundo ele, duas metades de uma laranja, posto que a alma exterior pode se materializar como um botão, um livro, um espetáculo, um evento ou qualquer outro objeto exterior no processo de introversão. Jacobina define ainda em meio à curiosidade daqueles que o ouvem que há casos em que essa mesma alma exterior pode se perder, o que implica para o indivíduo em perder metade de sua existência real, bem como um homem rico que perde seu dinheiro, ou uma pessoa qualquer que perde algo, exterior a si, de seu extremo apreço.


No intuito de evitar discussões futuras, Jacobina coloca que somente narrará uma história para provar sua teoria com o silêncio de seus companheiros; este que vem como resposta imediata mediante a intensa curiosidade. A personagem então conta um caso ocorrido com ela em sua juventude que lhe serviu de atestado para a veracidade de sua teorização posterior.Depois de uma infância pobre, Jacobina conta que foi nomeado alferes da Guarda Nacional e que tal fato desencadeou reações de enorme proporção, tanto pela sua família quanto para os demais cidadãos. Quando foi passar algum tempo com sua tia, esta lhe cobriu de regalias como prova de seu orgulho perante a patente conquistada pelo sobrinho. No início, Jacobina relutava contra os bons tratos da tia e o privilégio de assistência que lhe cercioavam todos na caso. Belo dia a dona da casa trouxe para seu quarto um grande espelho, muito belo proveniente da Família Real Portuguesa.

Fato é que todas as regalias desequilibraram o recém alferes projetando sua alma exterior (sempre mutável) para as cortesias e bons tratos que o rodeavam. Desse modo, a percepção que Jacobina passou a ter de si mesmo foi elaborada por aqueles exteriores a ele, sedimentando uma personalidade arrogante respaldada no espírito da mocidade somado ao luxo do meio. Restou então para Jacobina uma pequena parcela de humanidade, puramente aquela que lhe orientava para os deveres de patente. Ou como coloca a famosa frase: “O alferes eliminou o homem”. Posteriormente, tendo a tia saído em viagem e os escravos, aproveitando-se do momento oportuno, abandonado a casa, Jacobina abismou-se nas sombras da solidão. Passou penosos dias angustiado pela repentina perda de sua alma exterior, uma vez que sua alma interior se tornou altamente dependente daquela. Num momento preciso o alferes decide fitar o espelho – algo que não fazia havia algum tempo – e logo se depara com o reflexo de uma imagem difusa, corrompida. O vidro, cuja função é tão-somente a reflexão de um objeto em sua porção exterior, exibiu o quanto a identidade de Jacobina (sua patente) estava danificada em razão da ausência dos outros. A falta de reconhecimento de si mesmo diante do espelho levou o personagem a negar aquela imagem em busca de uma forma para enxergar a si mesmo com nitidez. Surge-lhe, então, a idéia de se vestir com a farda de alferes: desta vez pôde ver com clareza os contornos, as formas e os detalhes como nunca. Permaneceu se admirando com júbilo todos os dias restantes buscando evitar a solidão e a idéia de se ver distante de sua patente, recuperando, enfim, sua alma exterior que o preenchia sua alma. De volta ao salão, Jacobina que termina sua história deixa os cavalheiros no mais cândido silêncio reflexivo, indo-se embora. Provavelmente evitando possíveis discussões por desprezá-las.

Sereníssima republica

Por: Juliano Rodrigues

A temática central do texto envolve a corrupção política e as diferentes formas de distorção de uma teoria que, quando submetida à prática, se revela como falha. Por meio de uma metáfora reflexiva, o escritor denuncia irregularidades políticas como resultado da apropriação das leis do estado. A Sereníssima República é um clássico da literatura brasileira.


O conto se passa em um cenário acadêmico, no qual um cônego realiza uma conferência – como sugere o subtítulo da obra – reunindo no mesmo salão cavalheiros distintos em prol da curiosidade científica que lhes é comum. O cônego Vargas, que discursa perante o auditório, introduz ao público que sua teoria não é recente, mas que ainda não se sentia confiante para anunciá-la, uma vez que julga estar incompleta. Decidiu, pois, antecipar a divulgação devido a um cientista inglês que, aparentemente, realizava progressos na mesma área. Conhecendo-se a mídia científica, o crédito recairia todo sobre as costas do estrangeiro caso não se apressasse o cônego do Brasil ao demonstrar a superioridade de suas descobertas.

Em seguida, o orador cita a figura de Aristóteles como alguém que se surpreenderia com os fatos a serem levantados, tratando-os incredulamente. O filósofo da Antigüidade defendia ser inconcebível que se pudesse organizar socialmente animais ou insetos, considerando-os como meros espíritos vitais sensitivos, desprezíveis ao conhecimento. No entanto, a proposta do estudioso vai de encontro a estes postulados. Evidencia-se aqui o desenvolvimento fictício da trama quando o cientista afirma ter executado essa aparentemente impossível tarefa. Aponta as características louváveis das aranhas como seres inclinados ao trabalho, talentosos e independentes, combatendo os preconceitos sofridos por esses animais. Adiante, esclarece o cônego que descobriu uma espécie de aranha cuja complexidade lhe confere o uso de uma linguagem própria, rica e variada. A fim de compreender os pormenores da espécie, o orador confessa que, em nome da ciência, enfrentou grandes dificuldades até dominar do idioma araneída, podendo enfim se comunicar com elas (nota-se a personificação das aranhas que favorece a metáfora proposta).

Descreve o conto que, a princípio, o estudo do cônego acerca das aranhas era acompanhado por anotações em um caderno, e que as aranhas, julgando o homem como uma espécie de deus aranha, logo deduziram que se tratava do registro de seus pecados, se empenhando assim em executar boas ações. Momento em que pode ser abordado a ingenuidade dessas criaturas com uma inclinação teocrática natural, resignando-se a uma figura maior, um poder exterior a elas. O cônego se inclinou em dar às aranhas um sistema de governo: optou por um regime simples, cabível mediante a inexperiência dos artrópodes. Um saco de bolas deveria ser confeccionado para a realização do ato eleitoral – fundamento primeiro da organização social. As bolas deveriam conter o nome dos candidatos que seriam retirados aleatoriamente, identificando os nomes sorteados como eleitos para o pleito (Machado escreve que assim era consolidada uma república aos modos da antiga Veneza). Acatado o nome de Sereníssima República, as aranhas estavam prontas para votar. Contudo, as eleições foram viciadas e, vezes sem fim, pequenos grupos manipuladores tentaram se apropriar dos resultados eleitorais, aspirando aos tentadores cargos públicos. Perante conferência, o cônego Vargas explica as diversas confusões que se sucederam e as várias manutenções pensadas pela comunidade de aranhas para imunizar a integridade do sistema eleitoral da nova república. Os partidos políticos se dividiam com base em princípios geométricos em face do ofício aracnídeo de tecer teias.

Explica-se como as linhas eram interpretadas pelos diferentes segmentos da sociedade, reunindo-se aqueles com ideologias semelhantes, constituindo a formação elementar de um partido político. O detalhamento das irregularidades na Sereníssima República é compreendido como uma metáfora machadiana que reduz a sociedade humana a um sistema politicamente caótico. No decorrer das eleições, falhas constantes levam as aranhas à tentativa de adaptar, de diferentes maneiras, o processo eleitoral. Dentre todas as formas de corrupção do sistema, aquela que mais chama atenção no conto é a última, na qual dois os candidatos Nebraska e Caneca disputavam um cargo. Do saco foi retirada uma bola com as inscrições “Nebrask”, ausentando-se a última letra “a” do nome. Por cima de toda a burocracia, Caneca exigiu que a bola fosse analisada para se provar que a bola trazia o seu nome em vez do candidato Nebraska.

Há, portanto, uma severa crítica à proposta legislativa que de nada vale se é constantemente burlada pelos políticos ambiciosos, que se colocam acima do sistema e, sobretudo, do povo. Machado escreve que “o comentário da lei é a eterna malícia”, denunciando a edificação de normas para serem desobedecidas. Finalmente, o cônego encerra sua apresentação atentando para o comentário de uma aranha chamada Erasmus, segundo o qual as aranhas que tecem os sacos eleitorais são comparadas com a Penélope da antiga mitologia, que refazem o saco incansavelmente “até que Ulisses, cansado de dar às pernas, venha tomar entre nós o lugar que lhe cabe. Ulisses é a Sapiência”. Quer dizer que a sapiência, o saber absoluto, é aguardado pacientemente pelas tecelãs que vislumbram o dia em que poderão desfrutar de uma harmoniosa e incólume república.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Anedota Pecuniária

Por: Camila Rodrigues Domingues da Cruz - 150258


Falcão talvez não possa ser nem chamado, neste conto, de personagem central da trama. Sua ganância provavelmente tem mais razões para levar o título.


Não é ganancioso de uma maneira opulenta, para mostrar aos outros. Contrariando essa idéia, ele queria ter dinheiro pelo prazer de possuí-lo apenas. Gostava do dinheiro, de sua textura e seu cheiro e recusava-se a gastá-lo, por mais que tivesse.

Gostava tanto que, mesmo que um de seus maiores desejos fosse ter um filho, ao ver esse desejo realizado ao ter de cuidar de uma sobrinha órfã, se mostra desgostoso até ao ‘vendê-la’, de certa forma, a um de seus amigos, que se apaixonara pela moça, mas não vê como negar o dinheiro.

Depois, quando uma segunda sobrinha fica a seus cuidados, tenta guardá-la do mundo, apenas para descobrir que ela já tinha um pretendente que voltava da Europa com uma coleção, justamente, de dinheiro. É claro que, depois de algum tempo, troca a sobrinha pela coleção. “Ao menos, que seja feliz”.

Fulano

Por: Camila Rodrigues Domingues da Cruz - 150258

Fulano Beltrão, homem que vivia para a esposa e a filha, certa vez, é elogiado pelo amigo Xavier, em uma publicação no Jornal do Comércio. Satisfeito com o que ocasionou o elogio, ele mesmo tratou de mandar a outros jornais as palavras do amigo, e mais tarde a outros lugares (e outros elogios), tornando-se assim um homem “famoso”.


Afasta-se, porém, da família e mesmo quando a esposa e a filha tentam dizer-lhe que não compartilham desta satisfação pela publicidade que ele tinha, finge não compreender e as obriga a agir como ele prefere, para o bem da sua imagem.

Em dado momento do conto, parece que tenta suprir as faltas com a família ao doar para a igreja onde foi batizado um castiçal de prata. Acontece que, mesmo nesta doação “caridosa”, faz questão de colocar seu nome e sua data de batismo, aproveitando-se também da carta de agradecimento da igreja para expandir mais a sua popularidade.

O conto se passa na leitura do testamento de Beltrão, vinte anos após a primeira publicação que lhe trouxe notoriedade e, mesmo no momento da morte, deseja tornar-se publico: pede que doem uma quantia para uma empresa que construirá uma estátua de Pedro Álvares Cabral, certamente visando mais um elogio notório nos meios de comunicação.

O Dicionário

Por: José Carlos Martins


RA: 165246

 
O Dicionário

Era uma vez um tanoeiro, demagogo, chamado Bernardino, o qual em cosmografia professava a opinião de que este mundo é um imenso tonel de marmelada, e em política pedia o trono para a multidão.

O pequeno, mas muito interessante conto, conta a história de um tanoeiro ambicioso que queria o trono para si. A primeira atitude que ele tomou foi a abolição da tanoaria, pois os tanoeiros eram uma ameaça para ele. Bernardino, pelo que retrata o conto, era um megalomaníaco que queria que todos e todas as coisas girassem em torno de si.

 A segunda coisa que fez foi mudar o seu nome: de Bernardino passou a se chamar Bernardão, nome de um general do século IV, Bernardus Tanoarius. Como Bernardino tinha várias deficiências, queria que todos os seus súditos se parecessem com ele. Como era calvo, decretou que todos fossem também calvos, por natureza ou por navalha; como tinha um calo no dedo mínimo do pé esquerdo, ordenou que todos tivessem um pequeno furo no sapato esquerdo para que melhor se parecesse com ele; como não enxergava bem, não foi diferente que todos também usassem óculos.

O agora Bernardus Tanoarius pretende se casar, para assegurar a dinastia dos Tanoarius.  Agora não lhe faltavam candidatas ao casamento, mas a que mais lhe agradou foi uma linda moça bonita e rica, chamada Estrelada, desejada por muitos. Bernardão ofereceu-a muitas coisas suntuosas e caras, mas mesmo assim ela resistia a essas grandezas, pois preferia secretamente um poeta, que lhe fizesse o melhor madrigal. Bernardão elaborou alguns concursos para concorrer ao casamento com Estrelada.
                                                                                                      
Ao primeiro, anônimo e secreto, concorreram vinte pessoas. Bernardus perdeu para o poeta amado. Anulou o concurso por meio de um decreto e elaborou outro, mas com a condição de que os poetas não se usassem palavras com menos de trezentos anos de idade. Novamente ele perdeu para o poeta amado. Anulou outra vez o concurso e elaborou outro, que seria composto do uso de palavras modernas e da moda. Terceiro concurso e terceira vitória do poeta amado.

Bernardão, muito furioso, abriu-se com os dois ministros, dizendo que queria uma solução, e, se não ganhasse a mão de Estrelada, mandaria cortar trezentas mil cabeças. Os ministros acharam a seguinte conclusão:

Nós, Alfa e Ômega, tivemos essa idéia: Vossa Sublimidade mande recolher todos os dicionários, para compormos um vocabulário que lhe dará a vitória. Assim fez Bernardão. Compuseram um livro chamado Dicionário de Babel, no qual as palavras eram todas destorcidas, escritas com sílabas a mais, consoantes sobre consoantes, etc.

Bernardão decretou o vocabulário e declarou que era o concurso final para ganhar a mão de Estrelada. Tal concurso causou muito alvoroço e todas as pessoas andavam atônitas com o novo vocabulário. Para dizer por exemplo, bom dia, como passou? A linguagem usada era: pflerrgpxx, rouph, aa? Deram noventa dias para o concurso e recolheram vinte madrigais. Apesar da língua bárbara, o poeta amado novamente venceu. Bernardão ficou alucinado e mandou cortar as mãos dos dois ministros, sendo a única vingança. Não magoou Estrelada.

Ficou desgostoso e passou oito dias na biblioteca, parece que a última coisa que leu foi a sátira do poeta Garção, especialmente estes versos, que pareciam feitos de encomenda:

O raro Apeles,
Rubens e Rafael, inimitáveis
                                           Não se fizeram pela cor das tintas;
A mistura elegante os fez eternos.

O Caso da Vara

Por: José Carlos Martins


RA: 165246

 
Realismo: A ficção realista apresenta com fidelidade a cena, a história, os personagens, usando elementos que são tirados da própria realidade. O escritor reproduz todos os fatos, relatando pormenores, a partir da observação e documentação, explorando todos os dramas do existencialismo humano e problemas épicos. O que se retrata nos resumos a seguir:

O Caso da Vara

Em meados de 1850, Damião, um garoto que se encontrava no interior de um seminário, obrigado por seu pai, foge desesperado, sem saber ao certo para onde ir. Se fosse à casa do pai, ele devolvê-lo-ia ao seminário, após o castigo merecido. Em meio a tantas turbulências dos seus pensamentos, pensou na hipótese de ir à casa do seu padrinho João Carneiro, mas essa idéia se desfez logo, pois, o padrinho era um homem de poucas atitudes e não faria muito para ajudá-lo. Só então acudiu à idéia a lembrança de uma viúva chamada Sinhá Rita, “amiga” íntima de João Carneiro. Sabendo dessa “amizade”, tratou logo de tirar proveito da situação.

Sinhá Rita fica assustada com a chegada inesperada de Damião. Ele logo se explica, dizendo que queria ajuda para escapar ao seminário. Sinhá vivia de ensinar a fazer rendas, crivo e bordado. Enquanto Damião se explicava o motivo de não querer mais ficar lá, ela ordenou às garotas para continuarem trabalhando.

Diante às súplicas do rapaz, Sinhá Rita não sabe o que fazer. Mas tem que fazer algo para ajudá-lo. Foi então que ela o perguntou por que ele não iria ter com o padrinho João Carneiro. Damião diz que ele não é capaz de fazer nada. Ela toda cheia de si, ressalta que vai mostrá-lo se João Carneiro a atende ou não. Em seguida pede a um moleque para ir à casa dele e dizê-lo que queria lhe falar urgente.

Nesse momento, eles começam a contar anedotas, fazendo rir a uma das criadas, que esquecera do trabalho para dar atenção às estórias do garoto. Sinhá Rita ameaça a criada Lucréia com uma vara, caso ela não termine o trabalho por motivo dessa distração. Damião estava ciente de que se a menina não terminasse a tarefa até à noitinha, receberia o castigo costumeiro, ou seja, apanharia com uma vara. Damião pensou consigo: “caso ela não termine a tarefa, vou apadrinhá-la”, pois, o motivo do atraso foi por causa das anedotas.

À noite, o escravo de João Carneiro aparece com uma carta, para Sinhá Rita. A negociação ainda não estava concluída, pois o pai de Damião não aceitara a atitude do filho. Ao ler a carta, o rapaz fica sem esperanças. Ela respondeu à carta dizendo: “Joãozinho, ou você salva o moço, ou nunca mais nos vemos”.

Ao chegar a hora de recolher os trabalhos, todas as criadas tinham terminado, com exceção de Lucréia. A Senhora ficou furiosa e pediu para Damião ajudá-la, pegando-lhe a vara que estava à cabeceira da marquesa. Ele ficou desesperado, pois tinha prometido a si mesmo que não deixaria isso acontecer com a menina. A negrinha implorou pelo seu auxílio. Ele ficou com pena, mas, se a ajudasse, não sairia do seminário.

Nota-se o jogo de interesses neste conto. Por um lado, João Carneiro vê-se na obrigação de cumprir o mandado de Sinhá Rita, pois, caso não o faça, ficará privado do caso amoroso. Já Damião vê-se obrigado a cumprir também as ordens de Sinhá, ou ela não o tirará do seminário.