terça-feira, 12 de outubro de 2010

PAI CONTRA MÃE

Por: Elza Pereira Ferreira

No Conto Pai Contra mãe, Machado de Assis fala sobre a escravidão e o racismo.
Conta a história de Candido Neves, que tinha como ofício o resgate de escravos fugidos de seus senhores.
Candido casou-se com Clara, sobrinha de Dona Monica, que fora morar com eles após o casamento. Dona Monica os alertou que se tivessem um filho este morreria de fome, pois o oficio de Candinho não era como os outros, pois sua renda estava atrelado à recompensa paga pelo resgate de escravos. E com o tempo, os lucros começaram a cair, pois aumentou a concorrência de caçadores de escravos , e com isso diminuiu-se a o número de escravos fugidos.
A alerta de Dona Monica se tornou realidade, Candinho e Clara tiveram um filho, justamente nesta época, Clara costurava para fora para ajudar nas despesas de casa, o oficio de Candinho não mais lhe renderá lucros, foi aí que Dona Monica os sugeriu que entregassem o filho à Roda dos enjeitados, pois ali não morreria de fome. Candinho não aceitava esta idéia, pois não queria abandonar o filho homem que ele e a esposa tanto desejaram. Mas após serem despejados devido ao atraso no pagamento dos aluguéis, Candinho resolveu que ele mesmo levaria o filho à Rua dos Barbonos. Nesta ocasião, aproveitou para verificar a lista de escravos fugidos, e entre estes, viu numa mulata fugida  a possibilidade de não ter que entregar seu filho, pois era oferecido cem mil conto de réis para o resgaste da mesma. Quando caminhava com seu filho para a Rua dos Barbonos, viu um vulto de mulher, e que por sinal era a mulata fugida. Deixou seu filho numa farmácia e foi atrás da mulata. A mesma estava grávida, suplicou para que não a entregasse a seu senhor, porém Candinho não hesitou, amarrou seus pulsos com uma corda e a arrastou até  a casa do senhor. Neste momento, Candinho a entregou ao Senhor, que lhe pagou a recompensa. A mulata com medo e dor tentou lutar, e acabou abortando. Candinho assistiu a tudo. Como nada tinha mais a fazer naquele local, seguiu seu caminho. Voltou à farmácia e viu o farmacêutico sozinho.  Antes do farmacêutico lhe explicar que seu filho encontrava-se de dentro da casa com sua família, teve a mesma reação de fúria quando pegou a escrava fujona. A intensidade era a mesma, o que diferia é que esta era uma fúria de amor. Voltou com seu filho e com a recompensa para casa. Em casa, beijou o filho entre lágrimas. Agradeceu a fuga da mulata, oportunidade esta que trouxera seu filho de volta e nem se deu conta do aborto sofrido pela mesma, pois afinal, nem todas a crianças vingam.



RESENHA CRITICA

Pai contra mãe nos revela  o quão era difícil a vida dos negros no período da escravidão. Muitos fugiam por que apanhavam de seus senhores.  E quando isto acontecia, logo eram contratados caçadores para o resgaste dos mesmos. E esta recompensa era vista por muitos caçadores como oficio, e por conseqüência, meio de subsistência. Neste cenário, percebemos a luta desesperada de um pai e uma mãe para ficarem com seus filhos.  Ele, caçador de escravos endividado, despejado, que procura uma luz no fundo do túnel para não ter que entregar seu filho à Roda dos Enjeitados, por não ter condições de mantê-lo.  Ela, uma escrava grávida , que foge dos maus tratos do seu senhor para poder ter seu filho.
Este conto mostra as diferenças entre cor, sexo, e poder aquisitivo. Mostra que o negro é inferior ao branco; que a mulher é mais fraca fisicamente que o homem,  e que o dinheiro pode tudo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário