segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Evolução

Por: Roberta Barreto

Inácio conhece Benedito em uma viagem para Vassouras. Os dois conversam sobre muitas coisas, entre elas, da evolução do Brasil, em um certo momento, Inácio diz a seguinte frase:
- Eu comparo o Brasil com uma criança que está engatinhando; só começará a andar quando tiver muitas estradas de ferro. Benedito ouve aquilo e fica deslumbrado com o que acabara de ouvir.
Chegando a Vassouras, cada um foi para o lugar destinado, e depois de alguns dias, acabam se encontrando no Rio de Janeiro, onde conversaram muito e trocam notícias.
Benedito se candidata a deputado, e recebe muito apoio de Inácio, sendo que esse, depois de quatro meses viaja para Europa á negócios.
Um dia, andando pela rua Inácio encontra Benedito, que diz sobre sua perda nas eleições, e chegou à Europa para passear. Os dois passeiam muito, e Inácio mostra ao amigo os papéis do projeto de uma estrada de ferro. Inácio fica deslumbrado mais uma vez com a inteligência do amigo.
Eles voltam ao Brasil, mas Inácio fica em Pernambuco por um tempo, depois volta a Londres, e de lá chega ao Rio de Janeiro depois de um ano.
Inácio vai visitar Benedito, esse que já era deputado. E ele pergunta á Inácio como vai á empresa, e esse responde:
- Dentro de dois anos conto inaugurar o primeiro trecho da estrada.
Ele também conta a Benedito algumas particularidades técnicas, mas ele ouve tudo distraidamente e diz a Inácio que irá fazer um discurso dali a alguns dias:
- Está ainda em borrão, explicou - le, mas as idéias capitais ficam. E começa:
No meio da agitação crescente dos espíritos, do alarido partidário que encobre as vozes dos legítimos interesses, permiti que alguém faça ouvir uma súplica da nação. Senhores, é tempo de cuidar exclusivamente — notai que digo exclusivamente — dos melhoramentos materiais do país. Não desconheço o que se me pode replicar; dir-me-eis que uma nação não se compõe só de estômago para digerir, mas de cabeça para pensar e de coração para sentir. Respondo-vos que tudo isso não valerá nada ou pouco, se ela não tiver pernas para caminhar; e aqui repetirei o que, há alguns anos, dizia eu a um amigo, em viagem pelo interior: o Brasil é uma criança que engatinha; só começará a andar quando estiver cortado de estradas de ferro...
Ao ouvir, Benedito não diz nada, apenas fica pensativo, deslumbrado e desvairado diante do abismo que a psicologia rasgava ao seus pés. E foi por ai abaixo,  até ver se achava a explicação dos trâmites porque passou aquela recordação da deligência em Vassouras.

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